É claro que esta imoralidade que existe no Estado, para ser resolvida,
tem de começar por cima - exactamente pela figura do Presidente da
República.
O Presidente da República é o nosso representante supremo, eleito pela
maioria dos portugueses. Porém, o homem que nós temos na Presidência da
República é um reformado, um reformado com múltiplas pensões de reforma.
Os portugueses elegeram este homem Presidente da República e cuidaram,
para que ele os pudesse representar bem, de lhe pôr à disposição um
vencimento generoso, um palácio para habitar, segurança pessoal, uma
série de outras despesas pagas e muitas outras prerrogativas.
E não é que este homem decide renunciar ao vencimento generoso de
Presidente da República que os portugueses lhe puseram à disposição para
receber, em lugar disso, pensões de reforma, múltiplas pensões de
reforma a que nenhum português que tenha trabalhado a vida inteira teria
direito?
A primeira coisa a fazer na moralização do Estado é dizer ao Presidente
da República: "Não há conversas, nem continhas de tostões para ver como é
que ganha mais. O senhor recebe o vencimento de Presidente enquanto for
Presidente da República. Nós elegemo-lo para ser Presidente da
República, não para ser Reformado".
Pedro Arroja no Portugal Contemporâneo
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